segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não tenho filhos.

Venho tentando dizer aos meus filhos que eles não deviam seguir o passos do pai, de verdade. Eles me ouvem, comentam, conversam comigo indagando os "porquês", me pedem conselhos sobre o que fazer então e conselhos lhes dou, mas vira e mexe os encontro fazendo exatamente aquelas mesmas coisas as quais, taxativamente, falei que não é legal de se fazer ou não fazer. Mas como não sou da corrente dos que batem em filhos com cipó 'caboco' e nem com fio encapado me tanjo somente àquele velho sermão da vovó.

Pois bem. Por muitos outros motivos tento me policiar a ter uma postura mais incisiva, menos observadora e mais coerente com a atividade de pai e quanto mais me esforço para isso mais me encontro recorrendo a métodos poucos ortodoxos para, no mínimo, sustentar minhas agruras, métodos tais que ao aplicá-las meu filhos dizem "ô pai, mas eu achei que você falou o que tinha falado porque você quis dizer..." - crianças sempre são prolixas - "... que a gente não deveria fazer isso com os os filhotinho de gato" e eu digo a elas: " ouçam bem crianças, nem tudo é o que parece, aliás, se verem o que realmente estou fazendo aqui, agora, neste exato momento com este filhote de gato, vão ver, com certeza que não é algo que vocês estão pensando e sim algo muito diferente, algo que eu poderia ter dito pra vocês não fazerem mas ainda não falei."- e o adultos são mais ainda para explicar coisas as crianças. E fica por isso mesmo. Depois as levo pra comer um sanduíche e tomar um sorvete, boto uma musiquinha agradável e as coloco para dormir. Então no final acabo sendo aquela mesma figura esquisita e passível para os filhos.

Como se não bastasse, larissa, as mais nova encontrou por acaso, ou pelo menos eu acredito que assim tenha sido, uma pequena canastra, cheia de papeis, anotações, cartas e folhas, que tenho escondido em meu armário. Quando cheguei em casa a vi na minha cama com quase todo conteúdo do pequeno baú espalhado pela cama e com um punhado dele na mão e cheirando como se quisesse sugar o máximo da essência possível das folhas perfumadas. Rápida e rispidamente tirei as folhas da mão dela e falei "nunca mais mexa nessa caixa, ouviu?!!", mas o olhar dela tava distante percebi que ela tinha comido um pouco das folhas e falei "larissa! que idéia é essa filha, essa folha não se come não, é so pra escrever! Quero saber como você achou essa caixa e que se você ver de novo não vai mexer, tá?" e fiz uma carinha de pai bravo e derretido. Do olhar distante ela me mirou e disse...não disse nada e caiu na gargalhada.

É por isso que me pego pensando se é uma coisa boa ser pai, ou melhor, se eu sou um bom pai. Já me disseram que sim e que não. Os que disseram sim geralmente são meus amigos e companheiros, já os que dizem não geralente são velhos e velhos de espírito( não quero dizer se estão certos ou errados os chamando de velhos).

Eu erro sim, pois sou pai e sou humano, e até gosto de errar as vezes pois já ocorreu dos maiores erros da minha vida terem se tornado momentos dos mais prazerosos que já experimentei, um dels por acaso é o fato de ter me tornado pai. Irresponsável, estranho, sonhador, filósofo, mais um monte de adjetivos.


Ah! essa vida nos guarda tantas surpresas!!

domingo, 4 de abril de 2010

Ceia Natalina





era uma vez
uma verme e juarez
um queria carne
mas o outro não tinha mais freguês.
é que um comia depois,
quando o outro já matara três.
no fundo da espelunca,
jazia em frigideira e molho inglês
o jornaleiro
a beata
e o menininho,
todos que um dia confiaram a Juarez
um segredo, uma cofissão e pequeno carinho.

os vermes dizem amém..