terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Terceira tentativa.
Nada.
Quarta tentativa.
Nada.
Sétima tentativa.
Nada.
Décima segunda tentativa.
Câimbras.
Décima nona tentativa.
Distensão muscular.
Trígésima tentativa.
Morreu na praia.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

COMENTÁRIOS ACERCA DE UMA LEMBRANÇA E UMA CANETA.

Antes, há algum tempo atrás,
eu me esforçava e tudo sempre
voltava para o início, contrariando
minha vontade e meu humor.

As folhas secas continuavam a cair,
as lâmpadas dos postes continuavam
a se apagarem quando eu passava,
os pombos não respeitavam quando
eu descansava sob alguma árvore,
a caneta falhava quando queria escrever
algo supostamente genial.

Não cheguei a construir uma casa na árvore
nem aprendi a fazer um origami de coração
para dar àquela garota. Tampouco me
convenci a aprender a tocar violão
para ser um poeta da música.

Chega uma hora então, e essa hora não tarda a chegar,
que os olhos cansam, a cabeça pesa, e todos os
planos que você nem chegou a traçar
se esvaem e dão adeus as possibilidade
de uma existência duradoura, ou não,
atraente ou repulsiva, encantadora ou infeliz,
mas que ainda, no final das contas seria
uma página escrita.

E a vida, nada mais é, dependendo da perspectiva,
do que um livro a ser escrito, uma tela a ser pintada,
um muro a ser grafitado, uma canção a ser composta,
uma dança a ser executada, um palco a ser desbravado.

Então aprendi e reconheci que a minha vida
tem rasuras, que por várias vezes escrevi
e por outras tantas vezes passei a borracha
em alguma palavra mal quista. Por isso aprendi,
principalmente, que mesmo não estando ali,
em palavras, as rasuras um dia significaram
algo que deveria ter sido escrito e que são
importantes a sua medida.

Eu não vou desistir em fazer minha casa da árvore,
talvez a farei com meus filhos, e talvez eu não fique de
mau humor quando algum pássaro fizer de minha
cabeça sanitário, e nem achar que é mau agouro
as lâmpadas do poste se apagarem quando passo.

Estou com a caneta e papel na mão.
E se esta caneta falhar, passo no mercado,
compro outra e vou levando.

domingo, 9 de maio de 2010

caDAeuCApaCAcaEUlo

Em meio a uma conversa com Joca
perguntei se ele estava feliz com a vida.
Ele parou, pensou e respondeu:
amigo, nesse mundo onde os pobres vivem em oca,
já cansei de passar cerol na pipa,
de ver os ricos tomando coca
e meu filhos catando minhoca.
Chega disso meu!
Eles vão comer fanta om bolo!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não tenho filhos.

Venho tentando dizer aos meus filhos que eles não deviam seguir o passos do pai, de verdade. Eles me ouvem, comentam, conversam comigo indagando os "porquês", me pedem conselhos sobre o que fazer então e conselhos lhes dou, mas vira e mexe os encontro fazendo exatamente aquelas mesmas coisas as quais, taxativamente, falei que não é legal de se fazer ou não fazer. Mas como não sou da corrente dos que batem em filhos com cipó 'caboco' e nem com fio encapado me tanjo somente àquele velho sermão da vovó.

Pois bem. Por muitos outros motivos tento me policiar a ter uma postura mais incisiva, menos observadora e mais coerente com a atividade de pai e quanto mais me esforço para isso mais me encontro recorrendo a métodos poucos ortodoxos para, no mínimo, sustentar minhas agruras, métodos tais que ao aplicá-las meu filhos dizem "ô pai, mas eu achei que você falou o que tinha falado porque você quis dizer..." - crianças sempre são prolixas - "... que a gente não deveria fazer isso com os os filhotinho de gato" e eu digo a elas: " ouçam bem crianças, nem tudo é o que parece, aliás, se verem o que realmente estou fazendo aqui, agora, neste exato momento com este filhote de gato, vão ver, com certeza que não é algo que vocês estão pensando e sim algo muito diferente, algo que eu poderia ter dito pra vocês não fazerem mas ainda não falei."- e o adultos são mais ainda para explicar coisas as crianças. E fica por isso mesmo. Depois as levo pra comer um sanduíche e tomar um sorvete, boto uma musiquinha agradável e as coloco para dormir. Então no final acabo sendo aquela mesma figura esquisita e passível para os filhos.

Como se não bastasse, larissa, as mais nova encontrou por acaso, ou pelo menos eu acredito que assim tenha sido, uma pequena canastra, cheia de papeis, anotações, cartas e folhas, que tenho escondido em meu armário. Quando cheguei em casa a vi na minha cama com quase todo conteúdo do pequeno baú espalhado pela cama e com um punhado dele na mão e cheirando como se quisesse sugar o máximo da essência possível das folhas perfumadas. Rápida e rispidamente tirei as folhas da mão dela e falei "nunca mais mexa nessa caixa, ouviu?!!", mas o olhar dela tava distante percebi que ela tinha comido um pouco das folhas e falei "larissa! que idéia é essa filha, essa folha não se come não, é so pra escrever! Quero saber como você achou essa caixa e que se você ver de novo não vai mexer, tá?" e fiz uma carinha de pai bravo e derretido. Do olhar distante ela me mirou e disse...não disse nada e caiu na gargalhada.

É por isso que me pego pensando se é uma coisa boa ser pai, ou melhor, se eu sou um bom pai. Já me disseram que sim e que não. Os que disseram sim geralmente são meus amigos e companheiros, já os que dizem não geralente são velhos e velhos de espírito( não quero dizer se estão certos ou errados os chamando de velhos).

Eu erro sim, pois sou pai e sou humano, e até gosto de errar as vezes pois já ocorreu dos maiores erros da minha vida terem se tornado momentos dos mais prazerosos que já experimentei, um dels por acaso é o fato de ter me tornado pai. Irresponsável, estranho, sonhador, filósofo, mais um monte de adjetivos.


Ah! essa vida nos guarda tantas surpresas!!

domingo, 4 de abril de 2010

Ceia Natalina





era uma vez
uma verme e juarez
um queria carne
mas o outro não tinha mais freguês.
é que um comia depois,
quando o outro já matara três.
no fundo da espelunca,
jazia em frigideira e molho inglês
o jornaleiro
a beata
e o menininho,
todos que um dia confiaram a Juarez
um segredo, uma cofissão e pequeno carinho.

os vermes dizem amém..

terça-feira, 30 de março de 2010

(continuação)

....estavam vivos e queriam vingança.
mas cleiton,que não era bobo e nem gostava de bobó de camarão sentiu-se mal em saber que
ele estava certo,o tempo todo ele esteve certo sobre o miojo, então decidiu que não
ficaria mais pelo resto de seus dias a frente dum fogão(ele não usava microondas porque
sabia que se fossem de verdade, os invertebrados aos prantos morreriam mais rápido,e
cleiton não desejava isso), se tornaria um ser independente de suas próprias agruras.
Agora ele só tinha mais um trabalho a fazer...
ter certeza de que os outros 623 pacotes que eram a moradia daqueles vermes nojentos e
gostosos.
Ele sabia que iria ser uma tarefa árdua, pois seriam mil oitocentos e sessenta e nove
minutos de espera, todavia Cleiton é um rapaz perseverante mesmo,porém muito inquieto e
ansioso pois apesar de ter 32 anos e 12 dias de idade nunca teve um namorada, e isso
estava começando a incomodá-lo. Ele culpava 'eles' por isso. Mas agora ele estava
começando a se culpar,pois a escolhas de comer era dele. Dele de mais ninguém. Uma a uma foi despindo as embalagens como um compulsivo sexual, em sua lascívia instintiva, despiria uma virgem. Era seu único prazer. Mas também seu maior imbróglio. E a medida que as abria, aquele emaranhado de massa viva serpenteava em agonia ja sabendo que fim teriam, mas, nada obstante, insistiam em subir pelos braços de Cleiton, abrindo caminho pelos pêlos do braço do rapaz e rastejando por aquele corpo estranho, grunindo um som agdo e áspero, implorando por mais uma chance de serem comidos.
E depois de terem todas as embalagens sido abertas, Cleiton relutou por um momento.
Na enorme panela, litros e litros de água já borbulhavam ansiosos para receberem seu banhistas invertebrados, aos prantos.
E nesse exato momento de vacilo, os poucos que rastejavam se tornaram muitos e os muitos envolviam Cleiton como uma amante apaixonada enfurecida, imobilzando-o, sufocando-o - vingança!!- dominando-o e minando todas suas forças por suas ventosas asquerosas. Estavam VIVAS!
Desfalecendo, Cleiton mal sentia sua algoz e amante pelo seu corpo, as forças que lhe restavem só conseguia o manter de pé, de frente para o fogão e a caldeira. "32 anos e 12 dias de idade nunca tive um namorada", pensou Cleiton, recobrando um pouco de sua força e vontade. Ele iria , mas não iria só! Somente 3 minutos. Num ato instintivo se foi em direção ao fogão e despejou toda a água fervente em cima dos vermes, em cima de si prórpio. Cleiton, rapaz gente boa, simpático e acima de tudo inconsequente finalmente, deitado sobre o piso da cozinha, sorriu.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Conheçam Cleiton!

Como não podeira deixar de ser, Cleiton tinham que marcar presença nesse território afinal ele foi um dos meus primeiros personagens definitivos e publicar sua vida é o mínimo que posso fazer.

Pois bem...comecemos!


Um tal de cleiton comeu miojo estragado
pensando se seria aquilo um invertebrado
aos prantos esperando pelo banho-maria.
Esse processo se repetiu por muitos e muitos
anos, cada simples dia na vida de cleiton se
resumia a seus tres minutos de espera á frente do fogão.
Até que um dia cleiton, rapaz gente boa, simpático
e acima de tudo inconsequente! realmente irritado,
enjoado e desatento vomitou todos o miojo que ele havia
comido nos últimos anos de sua vida...e supresa:
estavam vivos.